Painel Rede de Cidades

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Configuração da rede de cidades no Extremo Sul

Um elemento importante a ser enfatizado que pode contribuir para a compreensão da especificidade da pobreza em Mucuri corresponde à configuração da rede de influência de cidades na região do Extremo Sul. Dentro dessa rede, a presença do município de Teixeira de Freitas pode ter influenciado na dinâmica menos incisiva de pobreza em Mucuri, tendo em vista a vizinhança entre ambos. Teixeira de Freitas se caracteriza por ser um município de maior porte, e isso pode ter sido fundamental para evitar o surgimento dos efeitos urbanos típicos de uma cidade grande industrial em Mucuri.

Teixeira de Freitas atualmente concentra parte significativa da economia do Extremo Sul, predominando na oferta de bens, serviços e empregos, atendendo às diversas demandas da região. Acredita-se que essa característica pode ter colaborado para amenizar os impactos típicos da industrialização sobre Mucuri, principalmente aqueles relacionados com a expansão da pobreza e o crescimento desordenado da população e da cidade. Por ser uma cidade mais estruturada, com maior grau de diversificação econômica, e por concentrar grande parcela dos serviços essenciais à população – como hospitais, escolas e serviços públicos –, Teixeira de Freitas pode ter absorvido parte dos efeitos da implantação da fábrica de papel e celulose em Mucuri, na medida em que passou a atender a determinadas demandas tipicamente urbanas oriundas desse município. O levantamento e a sistematização das informações pesquisadas e apresentadas ao longo do texto podem contribuir para essa compreensão.

02
Teixeira de Freitas como suporte urbano para a implantação do complexo de papel e celulose

O estudo Regiões de Influência das Cidades, elaborado pelo IBGE, traz informações relevantes para a compreensão da dinâmica regional do Extremo Sul, observando especificamente a relação entre as cidades de Mucuri e Teixeira de Freitas. Esse estudo tem por objetivo analisar a rede urbana do Brasil, identificando e classificando hierarquicamente as principais cidades do país e, consequentemente, as redes que elas formam com outros centros urbanos do território nacional. Alguns dos principais elementos identificadores do grau de centralidade ou potencial de polarização de uma cidade são aqueles relacionados com a presença de centros de gestão, como órgãos federais e estaduais, dentro de suas áreas, além de sedes e/ou filiais de empresas que exerçam funções de gestão empresarial. Somadas a isso, a oferta de serviços como saúde, educação, ligações aéreas, áreas de cobertura de televisão, ensino superior, atividades comerciais e de serviços diversificados, bancos e a presença de domínios de internet também são elementos cruciais que identificam os diversos graus de centralidade de cada centro urbano. Uma maior ou menor intensidade da presença desses elementos diferencia e hierarquiza esses centros, identificando uns mais importantes que outros.

A identificação da rede de influências de cada uma dessas cidades, com os seus diversos graus de centralidade, é feita através do mapeamento da interação entre elas. Assim, por meio das informações de fluxos, tanto materiais quanto imateriais, entre as cidades, é possível identificar quais delas formam redes de influências. Quanto maior é o grau de centralidade da cidade, maior a sua capacidade de gerar redes e, portanto, se tornar polo para outras cidades menores na hierarquia das centralidades.

No caso do território do Extremo Sul, Mucuri aparece como uma cidade que apresenta o nível de centralidade mais baixo¹ (o menor na escala da hierarquia). Essa cidade faz parte de uma pequena rede polarizada por Teixeira de Freitas. Tal polarização indica uma maior centralidade, fruto de uma predominância maior de fluxos de origem de Mucuri e outros municípios próximos em direção a Teixeira de Freitas, em função de sua maior oferta de serviços públicos e privados, de gestão e bancários, e melhores condições de infraestrutura de transportes e de telecomunicações.

Teixeira de Freitas atualmente corresponde ao município com maior destaque do Extremo Sul. De acordo com os dados do Censo Demográfico 2010, esse município apresenta o maior contingente populacional do território de identidade, com uma população de 138,3 mil pessoas (33% de toda a população da região) e com estimativa de alcance de 158 mil para o ano de 2018 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESATATÍSTICA, 2018). Entre os anos de 2000 e 2010, o município apresentou a maior taxa de crescimento populacional do Extremo Sul (28,7%).

Nesse contexto, Mucuri teve uma taxa de crescimento populacional muito próxima à de Teixeira de Freitas (28,4%) entre os anos de 2000 e 2010, sendo que sua população saiu de 28 mil para 36 mil habitantes nesse período. Apesar de ter exibido a segunda maior taxa de crescimento da região, Mucuri ainda possui uma pequena população. Em termos absolutos, Teixeira de Freitas expandiu muito mais a sua população quando comparado com Mucuri, apesar de ser um município que já apresentava maior porte populacional.

A relação de Mucuri com a rede de influência de Teixeira de Freitas é um elemento importante para a compreensão da manifestação específica da sua pobreza. O maior porte urbano e econômico de Teixeira de Freitas, sua função de polo regional e, consequentemente, a sua capacidade de centralização dos fluxos de pessoas, serviços e produtos são elementos que podem ter auxiliado na implantação da agroindústria de papel e celulose em Mucuri. Desde o início das atividades em agroindústria até os dias de hoje, Teixeira de Freitas oferece uma maior infraestrutura, tanto para ofertar serviços auxiliares e abrigar parte dos fornecedores relacionados à atividade da fábrica, quanto para oferecer melhores condições de moradia aos novos trabalhadores desse negócio, com mais amplo acesso a escolas, hospitais, serviços bancários e administração pública. Essa centralidade pode ter contribuído para atrair parte do contingente de pessoas relacionadas com as atividades desse agronegócio, fazendo com que Mucuri não absorvesse em seus limites todas as repercussões dessa nova atividade no local, em termos de expansão da população. O maior porte de Teixeira de Freitas pode ter assimilado parte desses efeitos, contribuindo para que a expansão da cidade de Mucuri acontecesse de maneira mais controlada. Mais informações do ponto de vista da economia dessas cidades serão apresentadas adiante, com o intuito de buscar compreender esse processo.

Notas:
¹A cidades podem ser classificadas de acordo com a seguinte hierarquia, na ordem: grande metrópole nacional, metrópole nacional, metrópole, capitais sub-regionais A, B e C, centros sub-regionais A, B e C, centros de zona A e B, centro local. O município de Mucuri foi classificado como um centro local e está diretamente interligado ao município de Teixeira de Freitas, classificado como um centro sub-regional A. Mais informações estão disponíveis no estudo Regiões de Influência das Cidades 2007 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2008).
03
Portes e funções diferenciadas das cidades: Mucuri industrial e Teixeira de Freitas como polo regional de serviços

Em termos de dinâmica econômica, é possível perceber transformações no Extremo Sul, indicando um fortalecimento do município de Teixeira de Freitas e reforçando a sua já robusta estrutura econômica dentro da região nos três setores (agropecuária, indústria e serviços) entre os anos 2000 e 2017. Nesse período é possível também identificar o fortalecimento da economia em Mucuri, principalmente nas atividades industriais e de serviços. Acredita-se que parte da dinâmica expansiva de Teixeira de Freitas possa estar relacionada com a expansão das atividades industriais de papel e celulose no município de Mucuri. Isso por conta do maior porte da cidade de Teixeira de Freitas e de sua maior capacidade de atender às demandas de parte dos trabalhadores da fábrica, além do fato de abrigar parcela dos fornecedores relacionados com essa indústria. Alguns dados seguintes sobre economia e população nos municípios do Extremo Sul apontam pistas que podem colaborar para uma melhor compreensão desse raciocínio.

Dentre os setores econômicos do Extremo Sul, aquele que mais apresentou destaque em 2016 foi o de serviços, com uma participação de 38% do valor adicionado do território, seguido da indústria (24%) e da agropecuária (17%), segundo os dados do IBGE (2016). É importante destacar que, entre os anos de 2002 e 2016, a participação do setor agropecuário despencou 14 pontos percentuais, ao passo que o setor de serviços cresceu 13 pontos no mesmo período. A atividade econômica do Extremo Sul está basicamente concentrada nos municípios de Teixeira de Freitas e Mucuri. Juntos, eles correspondem a 56% do PIB do território de identidade, que é composto por 13 municípios.

É possível notar algumas diferenciações entre Mucuri e Teixeira de Freitas do ponto de vista do valor agregado, as quais foram reforçadas ao longo dos anos. Em 2002, Mucuri apresentava uma predominância da atividade industrial em sua economia (62%), seguida da agricultura (20%), de serviços (13%) e da administração pública (5%). Já Teixeira de Freitas exibia uma economia predominantemente voltada para serviços, com 52%, seguido da administração pública (20%), indústria (17%) e agropecuária (10%). No ano de 2016, é possível identificar um reforço de cada uma dessas estruturas dentro dos municípios. Mucuri fortaleceu ainda mais a sua atividade industrial, assim como Teixeira de Freitas reforçou a predominância dos serviços em sua economia. Houve também um incremento das atividades de serviços no município de Mucuri, mas isso não foi suficiente para retirar o caráter industrial de sua estrutura econômica.

Dentro da indústria do Extremo Sul, os segmentos que mais se destacam são a indústria de transformação e a construção civil, representando, respectivamente, 73% e 24% dos empregos do setor em 2017 (BRASIL, 2017). No caso de Mucuri, desde o ano 2000, a dinâmica industrial já se fazia presente, crescendo nos últimos anos. Segundo os dados da RAIS, entre 2000 e 2017, os empregos formais da indústria em Mucuri saíram de 1.256 para 1.973, representando 23% do setor industrial do Extremo Sul em 2017. Desses empregos, 90% estão concentrados na produção de papel e celulose. Atualmente, Mucuri concentra 99,7% dos empregos desse segmento no Extremo Sul. No interior da indústria de transformação, Mucuri aumentou sua importância dentro dos empregos na região entre esses dois anos, como pode ser visto no gráfico seguinte.

O crescimento da indústria em Mucuri, em função da atividade de produção de papel e celulose, fez com que o município se tornasse o principal produtor da indústria de transformação no Extremo Sul, ultrapassando a participação de Teixeira de Freitas. Entretanto, apesar dessa perda de participação, Teixeira de Freitas expandiu de forma significativa o número de empregados, diversificando seus segmentos durante esses anos. Mucuri concentra a produção de papel e celulose do Extremo Sul e também a de eucalipto, o que justifica sua importância para esse segmento e para a indústria da região como um todo.

Quando se analisa a indústria de transformação de Teixeira de Freitas, nota-se que o segmento de alimentos e bebidas apresenta expressiva predominância, com 33% de participação nos empregos do setor, seguido do segmento de produtos minerais não metálicos (15%). Teixeira de Freitas também é o principal produtor de alimentos e bebidas do Extremo Sul. Nesse município, a produção de papel e celulose representa apenas 0,3% dos empregos na indústria de transformação. É importante enfatizar o grau maior de diversidade da indústria de transformação desse município, tendo em vista seu maior porte, representando diversas demandas comuns a centros urbanos mais robustos.

04
Tendências recentes: Teixeira de Freitas reforça seu papel de polo de serviços, e Mucuri concentra a produção da indústria de papel e celulose

Como resultado da análise dos dados da indústria de transformação, torna-se possível observar um reforço do perfil industrial específico de papel e celulose em Mucuri. Nota-se também uma especialização da indústria de Teixeira de Freitas no segmento de alimentos e bebidas, além da predominância das atividades de serviços de um modo geral na sua estrutura econômica. Tais atividades evidenciam um caráter muito mais urbano da economia de Teixeira de Freitas, reflexo do aumento da sua população e do rebatimento econômico de atividades específicas em municípios vizinhos, tendo em vista que esse município serve como centro de oferta dos principais serviços e comércio da região. É importante enfatizar que isso não significa afirmar que não houve crescimento das atividades urbanas em Mucuri, tal como é possível identificar em Teixeira de Freitas. O aumento populacional de Mucuri também repercutiu na expansão dessas atividades. A evolução da população urbana nesse município traz indícios desse processo, como pode ser visto na tabela seguinte.

Analisando-se os dados de emprego da construção civil, nota-se que grande parte dessa atividade está concentrada novamente em Teixeira de Freitas. No ano 2000, houve uma intensificação desses empregos também em Mucuri, muito provavelmente em função da construção da fábrica. Em 2017, esse quadro se transformou com o reforço desse segmento em Teixeira de Freitas e no município de Itamaraju, como pode ser visto na tabela seguinte. A relevância dessa atividade em Mucuri despencou de maneira expressiva. Tal informação reforça a ideia do fortalecimento das funções urbanas de Teixeira de Freitas, tendo em vista a sua concentração na construção de habitações e estabelecimentos ao longo dos anos, ao passo que Mucuri reduziu seu desempenho nessa atividade.

Somado a isso, ao se observar a oferta de serviços no Extremo Sul para o ano de 2017, nota-se uma concentração em três municípios: Teixeira de Freitas (45%), Itamaraju (12%) e Mucuri (12%). Analisando-se a composição desse setor para o mesmo ano, identifica-se uma concentração significativa no segmento da administração pública (40,1%) e no comércio varejista e de atacado (32,6%). O município de Teixeira de Freitas é o que mais oferta em cada um desses segmentos, como pode ser observado na tabela seguinte.

Nesse sentido, é possível verificar a expressividade de Teixeira de Freitas na oferta de atividades nos segmentos de perfil tipicamente urbano. Essa relevância implica a atração de um contingente de pessoas em busca dessa oferta diversa e melhor estruturada, estimulando o crescimento da cidade e reforçando a sua função de polo regional. Tal papel pode ter sido um elemento fundamental para a absorção de parte de demandas e pessoas relacionadas com a dinâmica da indústria de papel e celulose em Mucuri e também de possíveis outras atividades econômicas desenvolvidas na região.

05
A infraestrutura de transportes reforça a centralidade de Teixeira de Freitas e colabora para uma menor incidência de pobreza em Mucuri

Um outro elemento que ilustra esse raciocínio está no desenvolvimento da infraestrutura de transportes no Extremo Sul. Tal como foi apresentado no Painel Agroindústria, os investimentos estatais, inclusive em rodovias, foram elementos cruciais para o desenvolvimento e povoamento do Extremo Sul. A construção da BR-101 pode ser vista como fator indispensável para compreender o rápido crescimento de cidades mais distantes do litoral. Teixeira de Freitas é o exemplo mais emblemático dessa dinâmica, tendo em vista que se desenvolveu a partir da construção dessa rodovia, ao atrair fluxos econômicos e de pessoas de Minas Gerais e Espírito Santo. Diante desse contexto, Teixeira de Freitas torna-se, para Mucuri, uma cidade que serve como uma centralidade comercial e que, ao mesmo tempo, oferece suporte ao tráfego de passagem (SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA, 1995).

Com isso, é possível observar indícios prováveis de repercussões econômicas positivas da introdução e operacionalização da fábrica de papel e celulose para o Extremo Sul. Entretanto, há um caráter específico dessa repercussão que pode ser resumido da seguinte maneira: parte dos efeitos da construção e operação da fábrica de Mucuri pode ter sido direcionada para o fortalecimento de outros municípios próximos, com maior porte de cidade e, portanto, mais infraestrutura e oferta de comércio e serviços, a exemplo de Teixeira de Freitas. Um primeiro quesito que contribui para a explicação desse processo corresponde à própria natureza da atividade econômica de produção de papel e celulose. Tal indústria se caracteriza pelo alto nível de mecanização do processo produtivo, o que implica uma quantidade relativa de empregos menor em função do seu porte de faturamento e ocupação de área.

Além disso, a silvicultura relacionada a essa produção tem como característica a necessidade de uso de grandes extensões de terras para a plantação do eucalipto, resultando em expulsão de moradias de pequenas propriedades e geração de latifúndios voltados para o cultivo da matéria-prima da fábrica. Todo o processo de extração e preparação da madeira para a produção de papel também traz como característica a intensidade em tecnologia e a expressiva mecanização dos processos. Esses elementos podem ter contribuído para uma expansão controlada de Mucuri como centro urbano. O caráter da principal atividade econômica desenvolvida ali não cria atração massiva de pessoas para o local, tal como acontece em outras atividades industriais, mais intensivas em força de trabalho. Isso pode ter contribuído para um menor desenvolvimento dos problemas típicos dos maiores centros urbanos, a exemplo de uma propagação da pobreza.

O controlado grau de geração de empregos não cria grande expectativa capaz de atrair novos moradores e gerar, consequentemente, uma cidade de grande porte. Essa limitada atração implica um menor contingente de pessoas buscando trabalho no município, principalmente aquelas que procuram empregos de menor qualificação e que, portanto, são mais pobres. Tendo em vista o alto grau de mecanização da produção de papel e celulose em Mucuri, grande parte dos empregos gerados pela fábrica é caracterizada por um perfil de maior nível de qualificação, que, em muitos casos, é atendido por profissionais externos, vindos da Região Sudeste, principalmente. Observando-se os dados do Censo Demográfico, identifica-se que, dentre os residentes de Mucuri, a quantidade de pessoas não naturais da Bahia aumentou entre os anos de 1991 e 2000, estabilizando-se até 2010. Esse contingente pode estar diretamente relacionado com as atividades industriais desenvolvidas no município.

Entretanto, isso não significa afirmar que Mucuri não se expandiu, tendo em vista que sua população cresceu juntamente com as atividades econômicas locais, como se viu anteriormente. O importante é enfatizar que, apesar dessa expansão, Mucuri pode não ter adquirido os problemas comuns às cidades em que a atividade industrial é a principal, principalmente aqueles relacionados às questões urbanas, como o crescimento desordenado da população e a multiplicação da pobreza.

Assim, é provável que parte das novas demandas oriundas dos trabalhadores diretos e indiretos da fábrica de Mucuri, principalmente aquelas referentes a serviços (públicos e privados, de saúde, educação e de administração) e comércio, podem estar sendo atendidas por municípios próximos, com maior porte, como é o caso de Teixeira de Freitas. Isso explica o crescimento tímido ou mesmo redução dessas atividades em Mucuri e seu reforço em Teixeira de Freitas. Além disso, a diversidade da atividade econômica de Teixeira de Freitas chama a atenção de um maior contingente de pessoas em busca de empregos, principalmente aqueles de menor nível de qualificação, atraindo, portanto, perfis mais empobrecidos de população e oriundos de municípios próprios da Bahia, e não de outros estados do país.

Por fim, diante dessas informações e reflexões, pode-se perceber que Mucuri desenvolve uma dinâmica especial de pobreza a partir de um processo de desenvolvimento distinto das demais localidades apresentadas no Projeto 7 Municípios (mancha Azul e mancha Valente). A sua principal origem foi a introdução de uma grande fábrica, fortemente atrelada aos processos globais de negócios e de mercado. Através da sua implantação e da interação desse município com os demais vizinhos, principalmente Teixeira de Freitas, configurou-se um padrão de desenvolvimento específico, capaz de tornar Mucuri um espaço com menor pobreza relativa na Bahia. Nesse caso, não é marcante a presença de processos sociais internos nas transformações socioeconômicas que possam ter contribuído para atribuir essa especificidade da pobreza em Mucuri, tal como aconteceu na mancha Azul e na mancha Valente, nas quais elementos de educação, formação sociopolítica e influências institucionais moldaram um padrão de desenvolvimento. Na situação de Mucuri, o estímulo parece ter sido predominantemente econômico, atrelado a uma indústria de grande porte e com ampla articulação ao mercado global capitalista.

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Referências

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CENSO DEMOGRÁFICO. Rio de Janeiro: IBGE, 1970.

CENSO DEMOGRÁFICO. Rio de Janeiro: IBGE, 1980.

CENSO DEMOGRÁFICO. Rio de Janeiro: IBGE, 1991.

CENSO DEMOGRÁFICO. Rio de Janeiro: IBGE, 2000.

CENSO DEMOGRÁFICO. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Regiões de influencia das cidades: 2007. Rio de Janeiro: IBGE, 2008.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Produto Interno Bruto dos Municípios: 2016. Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/tabela/5938. Acesso em: 4 jan. 2019.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Estimativa da população 2018. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/sociais/populacao/9103-estimativas-de-populacao.html?edicao=16985&t=downloads. Acesso em: 16 jan. 2019.

OLIVEIRA, Jacson Tavares de. Território do agronegócio: expansão dos monocultivos do eucalipto e da produção de celulose na Bahia. 2014. Tese (Doutorado em Geografia) – Núcleo de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE, 2014.

SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Dinâmica sociodemográfica da Bahia: 1980-2002. Salvador: SEI, 2003. 144 p. (Série Estudos e pesquisas, 60).

SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Celulose e turismo: Extremo Sul da Bahia. Salvador: SEI, 1995. 132 p. (Série Estudos e pesquisas, 28).

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