A Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) por meio da Diretoria de Estudos desenvolve pesquisas sobre temas estratégicos que visam subsidiar a formulação e implementação de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento do estado da Bahia. Entre estes temas, a pobreza é uma importante linha de investigação.
Nessa perspectiva e considerando a importância que os diversos aspectos das condições de vida dos indivíduos tem para a compreensão desse fenômeno, foram desenvolvidos estudos que examinaram a pobreza sob uma ótica multidimensional. Este enfoque considera as muitas carências da população, compreendendo o fenômeno não apenas do ponto de vista da Renda, mas também de outros traços relevantes. Dessa forma, foram definidas e trabalhadas cinco Dimensões: Renda, Moradia, Educação, Saúde e Demografia.
Entre os trabalhos já elaborados nessa linha estão:
- Série Estudos e Pesquisas (SEP) 79, de 2008, com dois destaques: “Evolução e Caracterização das Manchas de Pobreza Na Bahia – 1991 – 2000” e a “Pesquisa sobre o acesso da população mais pobre aos serviços públicos em Salvador”.
- SEP 97, publicada em 2014, com o estudo “Pobreza na Bahia em 2010: dimensões, territórios e dinâmicas regionais”.
- Estudo “Manchas de Pobreza e Desenvolvimento Regional na Bahia”, realizado em 2015.
Nos links abaixo podem ser acessadas a SEP 79 e a SEP 97.
http://www.sei.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1166&Itemid=110
http://www.sei.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=76&Itemid=284
Dando continuidade aos estudos sobre o tema, está sendo desenvolvido um projeto resultante da observação dos estudos anteriores. Com base neles, se verificou a existência de sete municípios cujas populações apresentaram melhores condições relativas de pobreza.
Esses sete municípios foram identificados em um grupamento de 46 municípios baianos caracterizados por apresentarem, relativamente, menor pobreza. Dentre eles, 39 deles são de grande porte populacional e muitos são polos regionais do estado, possuindo atividades econômicas mais dinâmicas e PIB’s mais elevados.
Os sete municípios considerados despertaram a atenção por serem exceções. Possuíam menor densidade relativa de suas atividades econômicas e, também, um menor porte populacional. No entanto, foram classificados, dentre os 46 com menor incidência de pobreza, ou seja: possuíam menores proporções de suas populações sujeitas a uma condição mais intensa de privação ou carência.
46 municípios com menor pobreza relativa:
7 municípios diferenciados:
Este estudo visa identificar os processos estruturantes que fizeram com que esses municípios baianos de pequeno porte populacional figurassem entre os menos pobres, em termos proporcionais ao total de suas populações, ao lado dos municípios mais importantes do estado.
Analisar se os fatores condicionantes que contribuíram para o desenvolvimento desses sete municípios possibilitam, também, a identificação da lógica de suas formações sociais e econômicas. E, avaliar condições passíveis de serem reproduzidas e estimuladas em outras regiões e municípios para a mitigação da pobreza.
Na busca deste propósito, através do estudo “Pobreza na Bahia em 2010: dimensões, territórios e dinâmicas regionais” identificou-se que as dimensões Renda e Demografia foram importantes para inserção desses sete municípios no grupo dos 46, ou seja, dentre àqueles que apresentam relativamente condições de pobreza menos críticas.
Despertou ainda a atenção dos pesquisadores, o fato de 5 (cinco) dos 7 (sete) municípios identificados estarem localizados em um mesmo espaço geográfico, região que antigamente era conhecida como Serra Geral da Bahia. Por outro lado, identifica-se que tal aglomeração de municípios, aqui denominada “Mancha Azul”, apresentou melhores condições demográficas, reveladas por estudos e pesquisas realizadas recentemente.
Surgiu então a necessidade de se verificar e buscar compreender possíveis relações entre fatores históricos e estruturantes do desenvolvimento na Mancha Azul e os fatores que podem ter sido importantes para a inserção dos 5 (cinco) municípios entre àqueles com melhores condições relativas de pobreza.
Aglomerações espaciais do fator demográfico, Moran local – Municípios da Bahia – 2010
Por compreender a importância da formação regional como fator explicativo do desempenho destes cinco municípios, optou-se por priorizar o início da pesquisa por esse espaço geográfico.
Os municípios de Valente e Mucuri, que também estão entre os sete municípios diferenciados, mas, distantes da referida aglomeração, serão estudados posteriormente, considerando-se também as possíveis influências das respectivas regiões em que cada um deles está inserido.
Para a compreensão da área identificada como Mancha Azul, foi desenvolvido um texto inicial, com base em levantamentos bibliográficos, nos quais se procura resgatar a história desse espaço. Buscar-se-á identificar os diversos ciclos econômicos, os aspectos culturais estruturantes que possam ser responsáveis pela criação do ambiente capaz de tornar os municípios com uma condição de pobreza menos crítica, bem como os processos políticos-institucionais que tenham contribuído para os principais investimentos sociais e econômicos nesses municípios.
Apesar da proposta deste estudo ser fundamentada em uma pesquisa predominantemente analítica, também foi realizado um levantamento quantitativo, no qual se buscou indicadores socioeconômicos e demográficos das áreas em estudo, para melhor compreender as características destas populações e verificar se há destaques socioeconômicos ao longo do tempo que possam haver contribuído para aspectos mais positivos do ponto de vista da redução da pobreza.
Os textos apresentados inicialmente têm como finalidade promover o debate e incentivar a mais ampla colaboração de pesquisadores, gestores públicos, políticos, empresários, estudantes, personalidades diversas, enfim, todas as pessoas que possam contribuir com o processo de discussão.
Para a implementação deste estudo, a equipe técnica da SEI identificou algumas características inerentes ao trabalho que devem ser enfatizadas:
– O conjunto de temas a ser tratado para compreender a realidade histórica regional exige uma equipe com visão multidisciplinar que incorpore as mais variadas facetas do conhecimento e crie as condições para, no seu conjunto, dar as respostas mais adequadas;
– Por outro lado, os temas a serem abordados podem enfrentar questões de ordem ideológica, que geralmente não estão contidas em relatórios técnicos especializados e não apresentam respostas objetivas a questões que trazem um forte conteúdo com grande subjetividade nas suas argumentações;
– A disponibilidade de um vasto instrumental tecnológico, que oferece grandes possibilidades de trabalhos à distância de forma coordenada e aglutinada por interesses dos diversos grupos sociais nos temas tratados, possibilitou que a equipe técnica da SEI optasse por desenvolver uma plataforma que permitisse realizar estudos de forma colaborativa, o que resultou no SEIColab.
Com isso a SEI pretende estimular a discussão de forma transparente e colaborativa sobre temas relativos ao desenvolvimento da Bahia, iniciando pelo Projeto 7municípios.
Equipe SEIColab